Vai e vem.

Transforma.

Inconstante até acalmar

Profundo,

A mar.

Hoje, analisando bem algumas conquistas que tive na vida, percebi que elas foram concebidas atráves de muita fé e determinação. Pode até soar clichê, mas não se trata de apenas trabalho, trabalho, trabalho e pensamento positivo ou preces suplicantes, mas sim de fazer algo que se acredita muito, mesmo sem entender claramente as razões. Afinal, a fé não é isto? Acreditar e sentir algo que não se vê?

As vezes a gente investe em algo mesmo sem  saber aonde vai dar. É como se algo soprasse em nossos ouvidos e dissesse "Vai lá e tenta!", "Você que pode fazer melhor!", "Vai valer a pena um dia!" E você continua mesmo sem enxergar algo além do horizonte, seja por fé, uma motivação interior ou simplesmente por intuição.

Apenas o tempo mostra a razão de nossa fé e investimento. No momento certo a gente vê que tudo no qual nos dedicamos de alma, gratuitamente, traz resultados surpreendentes. E chega a ser engraçado como a percepção destes resultados vem de forma suave e discreta. Só os notamos quando estamos em sintonia com nós mesmos e a gratidão.

Então, se você ouve essa voz interior que te impulsiona a fazer algo do qual ainda não entende, vai lá e faz. Não é pra sair agindo com impulsividade e inconsequência, mas sentir o que sua alma clama, o que você sente que é o certo a se fazer. Pode ser que você não entenda o processo durante um ano ou dois, mas um dia entenderá. É você quem cria seu próprio universo.

Erica Bosi

A paisagem revela  sua nudez com galhos secos e magros do final de outono, como um velho que exibe seu  sorriso banguelo e triste. Despede-se deixando para  trás não só as inconstâncias climáticas como as incertezas sobre o que esperar das novas estações.

Aquela velha árvore no quintal de casa é a mesma das minhas  melhores lembranças na primavera. Hoje já não suporta o peso das crianças em seus galhos secos, não dão flores ou sombra. Mas sei que é assim o ciclo da vida. Um destino em cada estação.

Não há como evitar as agressões do clima, do tempo, e tudo que for externo. As folhas caem, as flores murcham, os galhos secam, mas é preciso manter as raízes e  esperar  o frio passar. Então quando a luz do sol voltar a aquecer,  novas folhas verdes e belas brotarão.

Assim também é a nossa vida.

Precisamos aceitar a nossa fragilidade humana, pois estamos expostos o tempo todo. Somos agredidos de diversas maneiras, mas precisamos manter a nossa essência e esperar com resiliência o ciclo se fechar.

Esperar não significa aceitar ou acostumar-se com os problemas por medo do futuro.  Embora haja incertezas, a própria natureza nos ensina que a vida se renova a cada dia. Se até mesmo a morte aduba a terra, porque a vida não traria novas perspectivas, novos sabores, novas paisagens?

Então, deixe este ciclo se fechar e acolha com esperança uma nova estação .

Deixe que caiam as folhas.

Que murchem as flores.

Que sequem as lágrimas.

Pois logo a vida se renova.

E seremos  a lembrança mais feliz na vida de alguém.

Erica Bosi

Esse ano me senti em uma enorme montanha russa, cheia de altos e baixos e muitas emoções. Quando pensei que estava bom ficou ruim, quando pensei que estava ruim ficou bom. E vice versa.

Me surpreendi além da conta e me cansei por diversas vezes. Mas sou guerreira! Enchi o peito de ar puxando uma dose de esperança e lá vou eu subir e descer de novo.

Brincar de montanha russa as vezes pode ser legal. A gente acaba se acostumando a se preparar para as subidas, suportar as descidas e retomar o fôlego. Não sei se isso é bom ou ruim. Na verdade já deixei de tentar entender muitas coisas e apenas entrego nas mãos de Deus.

Pensar cansa e prende a gente. Eu quero liberdade. Quero ignorar as coisas que não consigo compreender e seguir em frente. 

No próximo ano vou querer um brinquedo novo no parque da vida. Chega de andar em círculos. Chega de adrenalina. Eu quero um ano sereno e descomplicado. Quero curtir a minha vida sem precisar me sentir como se estivesse saltando de um paraquedas em um despenhadeiro. Eu quero apenas poder sentir a brisa no rosto num balanço comum feito de madeira ou pneu velho. Aliás, há coisas simples que também são legais e não saem de moda. 

No novo ano vou sonhar com um parque tranquilo, como a vida deve ser.

Erica Bosi

Minha sensibilidade a FLOR da pele implora pelo arborecer em poesia.

A pequena semente ainda está crescendo e crescendo dentro de mim, criando raízes, tomando espaço e fabricando botões.

Um dia seus ramos irão florir e perfumar o meu ser. E quando o vento soprar, as pétalas cairão sobre o papel cumprindo o seu destino final: 

Colorir meus olhos!

À elas, nada mais importa.

Você me fascina,

Me pega e alucina,

Desperta a felina

Que agora há em mim.

Com você sou quente,

Sou fogo ardente,

Que consome a mente

E teu corpo enfim.

Vem que te faço sentir

No calor dos meus braços

Que nenhum dos abraços

Fez verão assim.

Erica Bosi

Certa vez minha mãe me disse que economizava lágrimas.

Achei aquilo muito bizarro.

Afinal, o estoque de lágrimas não acaba, certo?

Errado.

Minha mãe me explicou que de tanto chorar o coração endurece.

Fica teimoso,  já não se surpreende e cria uma certa proteção.

Aquilo me pareceu mais bizarro ainda.

Ela disse também que com o tempo a gente aprende:

Que os machucados doem, mas saram.

E tudo que nos deixa triste um dia passa.

Aquele dia suas palavras  satisfizeram minhas curiosidades,

Mas nem tudo se com aprende com palavras.

E de tanto  tentar economizar lágrimas

Aprendi a colecionar  rancores,

Carregar tristezas,

Distribuir amarguras

E me fechar por medo.

Foi só quando me transbordei que

Descobri que chorar não muda o mundo,

Não reforma cenários,

Não é curativo,

Mas muda a gente,

Transforma,

Liberta,

E lava a alma.

Erica Bosi

Desaba em rio minha dor

Segue seu curso juntando os cacos, revelando o novo eu.

Me perdi.

Tropecei em minhas próprias mentiras e  agora nem gritos convencem mais.

Queria eu poder sentir seu hálito quente sobre minha orelha.

E deixar-me arrepiar ao som de sua voz.

Mas desde então, tudo calou-se.

Erica Bosi

Quando goteirava demais dentro da minha casa eu ficava muito incomodada com a chuva, pois alagava o meu quarto e me deixava muito irritada. Mas agora que batalhei para cobrir a laje com telha, posso apreciar a chuva sem aquele desconforto que sentia antes.
A chuva lá fora é algo lindo de se ver! É uma benção!!!
Ela não traz estragos. O que traz incômodos, tragédias é a própria mão do do homem.
Então estive pensando em quantas vezes deixamos de olhar o lado bom das coisas porque algo está fora do lugar, distorcido, atrapalhado?
As pequenas ou mais valiosas bençãos da vida podem estar escondidas entre os problemas, crises ou momentos de tristeza. Só precisamos batalhar para mudar o que nos incomoda e colocar tudo no lugar.
Não adianta ficar lamentando sobre os problemas, enchugando cada gota de goteira ou lágrima. É PRECISO AGIR!!!
Que sejamos capazes de curtir a chuva de bençãos em nossa vida, sem alterar o seu curso.

 

Erica Bosi